sábado, 30 de abril de 2011

Papa beatificado - I


TEATRO MEDIEVAL

O teólogo Leonardo Boff, que optou deixar o sacerdócio em 1992 após ter sofrido nos anos 1980 censura do Vaticano por suas críticas à hierarquia, avalia que a figura carismática e atlética do papa "falava por si mesmo", embora fosse contraditória. "Não precisava ter escrito as 100 mil páginas que ele escreveu em documentos", diz Boff.

O teólogo diz que o papa esvaziou o "aggiornamento", conceito usado pelo Concílio Vaticano II para se referir à necessidade de atualização da Igreja frente à modernidade. “Construiu uma igreja para dentro, prolongando o velho modelo medieval. Com muito rigor e ordem, reprimiu mais de 140 teólogos que foram silenciados e as conferências episcopais (conselhos dos bispos, como a CNBB) passaram por um processo de romanização”, diz Boff.

"Foi um grande ator, que ensaiou sua própria apresentação no mundo e que teve algo positivo nisso: mostrar no mundo privatizado que o fator religioso existe e pode mover milhões. As manifestações eram shows, mas o conteúdo era fraco", diz.  Boff avalia que até mesmo o diálogo com outras religiões foram apenas diplomáticos, embora pioneiros. “São gestos pastorais, se perguntarmos qual a teologia, aparece o documento onde se apresenta uma doutrina absolutamente retrógrada, que sustenta que fora da Igreja não há salvação”, diz.

Textos: Leonardo Boff - Agências de Notícias
Títulos: Jenipaponews
Caricaturas: João de Deus Netto

Papa beatificado - II


LINHA DE MONTAGEM

A rapidez do processo de beatificação é apontada por vaticanistas como resultado de pressão de grupos tradicionalistas. "A ala conservadora tem interesse numa leitura triunfalista do papado de João Paulo II, para esconder a obra de seu pontificado atrás de uma auréola sagrada e assim torná-la indiscutível”- Giancarlo Zizola – na BBC.

“Karol Wojtyla foi também criticado por não ver os comportamentos criminosos, principalmente de pedofilia, dentro da Igreja, e por não ter tomado medidas firmes quando o escândalo começou a eclodir nos Estados Unidos em 2000”.Marcos Tossati – Agência. EFE 

A Congregação para a Causa dos Santos ressaltou em nota que foram respeitados "escrupulosamente" todos os passos exigidos. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, assegurou que, inclusive, foram investigadas críticas  pelo fato de João Paulo II supostamente ter protegido o padre pedófilo mexicano Marcial Maciel. De acordo com o porta-voz, a investigação foi feita e não foi encontrada nenhuma evidência de que eleI tenha protegido Maciel.

As afirmações do Vaticano não convencem os críticos. “Ele sabia dos pedófilos e encobriu, era muito próximo do fundador dos Legionários de Cristo (Marcial Maciel). Há elementos sombrios, a partir dos quais se colocaria em questão sua canonização”, disse Boff.

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